O músico cabo-verdiano Teófilo Chantre é uma presença habitual no "Chez Celeste", em Paris (França), um restaurante apresentado por Celeste do Carmo, a proprietária, como a "Casa de Cabo Verde" na capital francesa.
O compositor e intérprete espera lançar novo disco "daqui a um ano", mas continua a fazer concertos, num formato mais intimista, no restaurante onde, no início da carreira, começou "a criar um certo público".
"Sempre toquei nos restaurantes da Celeste", disse à Lusa Teófilo Chantre, acrescentando: "Quando comecei a fazer palcos maiores, nunca me esqueci da Celeste e, então, de dois em dois meses ou de três em três meses, faço um concerto a que chamo ‘um concerto entre amigos'".
Teófilo Chantre nasceu na ilha de São Nicolau, em 1963, e cresceu na ilha de São Vicente, no Mindelo, a cidade que revelou ao mundo Cesária Évora. O músico, que foi para Paris aos 14 anos, foi um dos compositores da "diva dos pés descalços", tendo escrito a letra de "Ausência" - que Cesária cantou para a banda sonora do filme "Underground" d'Emir Kusturica.
Além disso, escreveu várias canções para os discos "Miss Perfumado" (1992), "Cesária" (1995), "Café Atlântico" (1999), "São Vicente di longe" (2001), "Voz d'amor" (2003), "Rogamar" (2006) e "Mãe Carinhosa" (disco póstumo - 2013), contando ainda com alguns duetos com a "rainha da morna", como "Mae Pa Fidje" (2004) e "Quem pode" (2003).
"Eu nunca considerei que estava na sombra da Cesária, porque foi graças a ela que eu fui conhecido, quando comecei a compor canções para ela. Eu tinha uma relação muito simples com a Cesária porque eu enviava as minhas canções através do produtor José da Silva e depois eu descobria mais tarde no disco se ela tinha gravado ou não", relembrou o músico, cerca de uma hora antes de começar um espectáculo no "Chez Celeste".
Teófilo Chantre editou sete discos - Terra & Cretcheu (1993), Di Alma (1997), Rodatempo (2000), Live (2002), Azulando (2004), Viaja (2007), MeStissage (2011) - tendo tido como inspiração Cabo Verde, o país onde gostaria de regressar um dia mais tarde.
"A Cabo Verde vou talvez uma vez por ano para fazer concertos e, às vezes, simplesmente para passar férias, ver família e amigos e também buscar uma certa inspiração porque é sempre um renovar de inspiração quando vou para Cabo Verde. São lembranças que afluem, são também coisas novas que descubro e tudo isso vem alimentar as minhas canções", continuou.
Cabo Verde também inspirou Celeste do Carmo a abrir um restaurante com os sabores da sua terra em Paris. O primeiro abriu portas em 1991 e, desde então, a cozinheira teve vários restaurantes na capital francesa, com o mais recente a ser baptizado "Chez Celeste" (em português, "Na Casa de Celeste"), perto da Praça da Bastilha. Em comum, todos tiveram a cozinheira e a capacidade para arrastar os clientes e os músicos.
"A Cesária passou aqui, ela comia frango frito. O Bonga, esse come peixe. O Tito Paris, esse era o whisky. Quem é que passou mais de Cabo Verde? O Luís de Morais, quando era vivo, não aqui mas noutro restaurante que eu tinha. As jovens Mayra Andrade e a Lura. Passaram vários de Cabo Verde. Gostam de comer sempre coisas de Cabo Verde, gostam sempre de comer coisinhas da terra", descreveu Celeste, no final de uma maratona de cozinha no piso superior do restaurante.
Celeste, de 62 anos, instalou-se em Paris em 1974, e prevê continuar à frente do restaurante "mais uns quatro aninhos", esperando regressar a Cabo Verde para "montar uma coisinha e ficar ao solinho" na sua ilha, o Sal.
Por enquanto, a cabo-verdiana vai continuar a apresentar o seu negócio como um ponto central da diáspora em Paris: "Agora sou eu a casa dos cabo-verdianos porque antigamente éramos uns três ou quatro [restaurantes]. Agora sou só eu, é verdadeiramente restauração. É a casa de Cabo Verde".
Fonte: Sapo Cabo verde
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