Kady nasceu e cresceu na Cidade da Praia, rodeada de música. A mãe, Terezinha Araújo, foi fundadora e cantora permanente do seminal grupo Simentera - ao lado de outras figuras proeminentes da música tradicional cabo-verdiana como Tété Alhinho e Mário Lúcio - e Kady, desde muito cedo, abraçou a música com paixão, tendo ainda criança feito parte dos Mea-Culpa, banda que reunia os filhos dos músicos e cantores dos Simentera.
Paradoxalmente, num país que é capaz de ter a maior percentagem de talentosos músicos per-capita do mundo, tomar a decisão de se dedicar à música a tempo inteiro é ainda difícil, morosa e dolorosa.
Mas Kady nunca teve dúvidas quanto a isso: na adolescência - e depois de ter alcançado o prémio de Melhor Voz Infantil de Cabo Verde, no Festival Internacional dos Pequenos Cantores- atreveu-se a ser vocalista de um grupo rock, os Blende, e fez teatro.
Já adulta, Kady apostou na formação musical e estudou na Weslyan Univeristy do Connecticut (Estados Unidos), Brasil e Portugal, tendo feito coros para outros cantores e compositores cabo-verdianos da nova geração como Djodje, Dani Santoz, Sara Alhinho ou Ricky Boy.
Agora, com o seu próprio e pessoal caminho aberto e trilhado ao longo de quase uma vida inteira de música e de músicas, Kady apresenta-nos "Kaminho", um álbum maduro, pensado, maturado em longas horas de criação, ensaios e gravações, em que a sua voz é protagonista de canções escritas e compostas por ela e por Djodje (Marta), que é também o produtor do álbum.
Feito de experiências e de escolhas, de cumplicidades e afectos, "Kaminho" junta o melhor da música cabo-verdiana cantada no crioulo deste país às grandes músicas negras norte-americanas, frutos diversos mas irmãos da mesma árvore africana.
By: António Pires - (Music Journalist)
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